sábado, 8 de maio de 2010

Mapa da Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil

Com base principalmente em informações veiculadas por organizações engajadas na de­fesa do meio ambiente, a Fio­cruz (Fundação Oswaldo Cruz) e a ONG (organização não-governamental) Fase (Federação de Órgãos para As­sistência Social e Educacional) montaram o Mapa da Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil.

Inédito, o trabalho lista cer­ca de 300 locais em todo o Bra­sil em que a população e os ecossistemas são ameaçados por diversos tipos de poluição, desmatamento, usinas hidre­létricas e lavouras de monocul­tura, por exemplo. Ele pode ser consultado no site www.con­flitoambiental.icict.fio­cruz.br.

Todos os episódios foram se­lecionados com base em rela­tos apresentados em fóruns ambientais realizados entre 2006 e 2009. São Paulo tem cerca de 20 casos, na capital e em cidades como Caraguatatu­ba, Avaré, São Lourenço da Serra, Ribeira e Peruíbe.

Parte dos casos paulistas tra­ta de poluição hídrica, ameaça à fauna, poluição industrial e dificuldades na subsistência de populações humildes -des­cendentes de quilombolas, cai­çaras, povos indígenas.

De acordo com os organiza­dores, o mapa permitirá o mo­nitoramento de ações e proje­tos destinados aos enfrenta­mentos de situações em que "as injustiças ambientais" resul­tem em prejuízos à saúde nas cidades, campos, florestas e zo­nas costeiras.

O objetivo do mapa, segundo os coordenadores Marcelo Firpo (Escola Nacional de Saú­de Pública, da Fiocruz) e Tania Pacheco (Fase), é apoiar as pes­soas prejudicadas por ações privadas e dos governos que causem impacto nos territó­rios que habitam.

Firpo disse que os informes coletados não foram aprofun­dadas por pesquisas de campo.

"As informações destacadas revelam posições assumidas por parcela expressiva das co­munidades atingidas, seja a partir de suas experiências, se­ja a partir de relatórios e artigos desenvolvidos por entidades, ONGs e instituições parceiras, inclusive grupos acadêmicos, instituições governamentais, Ministérios Públicos ou órgãos do Judiciário", afirmou.

No lançamento do mapa, ontem na Fiocruz, os pesqui­sadores disseram que a pro­posta é dinamizar o mapa, como acréscimo de novos episódios e informações.

"Não consideramos o mapa fechado. Ele pertence a todos os interessados na construção de uma sociedade socialmente justa e ambientalmente sus­tentável, e é o momento inicial e um novo espaço para de­núncias, para o monitoramen­to de políticas públicas e, ainda, de desafio para que o Estado, em seus diversos níveis, responda às necessidades da cida­dania", disse ele.


Fonte:FolhaOnline