segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sistema de laser vai fazer mapeamento "fino" da Amazônia

Capaz de identificar o corte de uma única árvore, laser ajudará manejo sustentável da floresta; dados gerais ainda devem vir do espaço

A floresta amazônica brasileira contará, a partir deste mês, com mapeamento em três dimensões. A tecnologia, ainda não aplicada em alta resolução em florestas tropicais, permite obter imagens e medir impactos não identificáveis antes. Imagens convencionais de satélite, por exemplo, não eram capazes de identificar coisas como o corte de uma única árvore ou flagrar a presença de um rio sob a vegetação.

O sistema de "lidar" (pronuncia-se "laidar"; sigla inglesa da expressão "detecção e medição de alcance de luz"), consiste em um laser transportado por avião, cujos pulsos são capazes de atravessar o topo das árvores e alcançar o chão, gerando informações sobre a altura, largura e profundidade do que encontrar no caminho.

Além de auxiliar no chamado manejo florestal (produção sustentável dentro de matas nativas), o sistema permite medir estoques de carbono e biomassa, identificar áreas desmatadas e racionalizar os recursos para o planejamento da agricultura e da pecuária.
O teste será realizado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em uma área de mil hectares da Floresta Estadual de Antimary, em Sena Madureira (AC).

Madeira e borracha
O foco da iniciativa é o manejo para a produção de madeira, borracha, castanhas e outros produtos nativos da mata. As conclusões devem ser publicadas em dezembro.

Apesar das várias aplicações da tecnologia, o pesquisador Marcus d'Oliveira, líder do projeto na Embrapa, diz que o principal cliente do "lidar" será a indústria madeireira, que precisa dos dados para planejar estradas e trilhas, além da distribuição de árvores.

Hoje, as pesquisas florestais no Brasil são realizadas em campo com auxílio de GPS (Sistema de Posicionamento Global) e de imagens digitais de satélite. Nessas condições, segundo Oliveira, há imprecisão nas medições, devido ao erro humano, e dificuldade de deslocar equipes. Esses problemas, diz, serão superados com o "lidar".

O pesquisador afirma, porém, que a tecnologia não substituirá as imagens de satélite -mais fáceis de serem produzidas e atualizadas. Ele diz que o "lidar" será usado somente para pesquisa de uma área específica, que necessite de informações precisas e detalhadas. As imagens de satélite seguirão fornecendo os dados gerais.
Usado desde os anos 1990 no manejo de florestas temperadas dos Estados Unidos, do Canadá e da Europa, ainda hoje a aplicação do "lidar" em ambientes tropicais é reduzida.

Teste de campo

Alguns testes de baixa resolução foram realizados recentemente na Costa Rica e no Peru. No Brasil, o sistema vem sendo testado desde 2008 por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná e do Lactec (Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento) na análise de uma floresta plantada de eucalipto e pínus.

Fonte: Agência Folha

domingo, 16 de maio de 2010

Camada de ozônio na Antártica se recuperará até 2080


Os cientistas e os ecólogos gostam particularmente da história do chamado buraco na camada de ozônio: o problema foi previsto há menos de 20 anos (e depois a descoberta levou o prêmio Nobel), foi medido sobre a Antártida e levou à adoção de um acordo internacional (Protocolo de Montreal, 1987) para proibir o uso dos compostos químicos que destroem o ozônio. Este mês, o primeiro anúncio da redução – ou buraco – na camada de ozônio sobre o continente branco, em maio de 1985, completa 25 anos. Os cientistas celebraram a data na Universidade de Cambridge (Inglaterra) e explicaram que a espessura da camada de ozônio sobre a Antártica recuperará, em 2080, os mesmos níveis de 1950. Não faltou comparações com a mudança climática, mas neste caso vista com pessimismo, não por falta de conhecimento científico mas por falta de um acordo político eficaz que responda ao problema.

Joseph Farman, Brian Gardiner e Jonathan Shanklin, do British Antarctic Survey (BAS), informaram, em maio de 1985, na revista Nature, sobre a descoberta da redução da camada de ozônio sobre a Antártida, na primavera austral. A revista científica relembra a data com um artigo de Shanklin no qual ele conta como foi feita a descoberta na estação antártica Halley, ao constatar que os valores mais baixos de ozônio, medidos em meados de outubro (na primavera do continente), haviam caído cerca de 40% entre 1975 e 1984.

“Já havia uma preocupação de que os CFCs [clorofluorcarbonetos] pudessem destruir a camada de ozônio, que fica localizada entre 10 e 35 quilômetros de altura da superfície terrestre e que protege a humanidade de mais de 90% da perigosa radiação solar ultravioleta”, recorda Shanklin. Os satélites permitiram constatar que o buraco na camada de ozônio se estendia sobre todo o continente.

Foram outros cientistas, antes destes três especialistas do BAS, que deram o alarme com seus estudos sobre a química atmosférica e a destruição do ozônio pelas reações com compostos como os CFCs utilizados nos aerossóis e refrigerantes. Por causa de seus trabalhos nos anos 70, Paul J. Crutzen, Mario J. Molina e F. Sherwood Rowland receberam o Nobel de química em 1995.

Saiba quanto custa investir em um estilo de vida sustentável

Em uma definição simplista e ideal, uma casa sustentável é amiga do planeta e do orçamento doméstico, confortável, bonita e saudável.

No mundo real, ainda há muita confusão entre o que é apenas marketing verde, para vender produtos ditos ecológicos, e o que é sustentável de fato. E muito mais dúvidas à respeito de quanto custa ou quanto vale a pena gastar para alcançar esse ideal.

Além dos argumentos sobre a importância das atitudes que garantem o futuro da humanidade, também é preciso convencer o consumidor de que os produtos para isso não são necessariamente mais caros. Ou que são apenas um pouco mais caros, mas que se pagam com a economia que geram.

"No último ano, a venda de produtos para a construção sustentável cresceu 30%", diz Marco Gala, diretor de marketing da Leroy Merlin, cadeia de megalojas de material de construção. Segundo ele, o crescimento do mercado fez os preços baixarem.

Mesmo assim, a produção em menor escala e envolvendo uma série de custos extras, como o da certificação, faz com que, na maioria das vezes, o preço final seja mais alto do que opções menos sustentáveis.

Mas a coisa começa a mudar de figura. Segundo Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech Engenharia, a economia gerada pelos procedimentos e materiais ecologicamente corretos paga o custo em um tempo relativamente curto.

Ferreira participou da criação de um protótipo de casa sustentável de 40 m2, apresentado na Ambiental Expo 2010 no final de abril, em São Paulo.

Idealizado pela Fundação Vanzolini e pela Inovatech, a proposta foi criar um projeto de casa popular adotando critérios de sustentabilidade.

De acordo com Ferreira, o preço final ficou aproximadamente 10% mais caro que o de uma casa popular padrão. "Mas a economia que a casa sustentável gera paga essa diferença em pouco tempo", afirma.

Manuel Carlos Reis Martins, coordenador do Processo Aqua, pondera que melhorar a forma com que a casa se relaciona com o meio ambiente ao longo de sua vida útil -a chamada ecogestão- está diretamente ligada ao melhor aproveitamento de água e energia.

Os recursos mais viáveis para deixar a casa verde são os que trazem esse tipo de economia. E nem tudo é novidade ou envolve alta tecnologia.

sábado, 15 de maio de 2010

Metade do mundo pode ficar inóspito com mudança climática, diz estudo

O aquecimento global pode deixar até metade do planeta inabitável nos próximos três séculos, de acordo com um estudo das universidades de New South Wales, na Austrália, e de Purdue, nos Estados Unidos, que leva em conta os piores cenários de modelos climáticos.

O estudo, publicado na última edição da revista especializada "Proceedings of the National Academy of Sciences", afirma ainda que, embora seja improvável que isso aconteça ainda neste século, é possível que já no próximo, várias regiões estejam sob calor intolerável para humanos e outros mamíferos.

"Descobrimos que um aquecimento médio de 7 ºC causaria algumas regiões a ultrapassar o limite do termômetro úmido (equivalente à sensação do vento sobre a pele molhada), e um aquecimento médio de 12 ºC deixaria metade da população mundial em um ambiente inabitável", afirmou Peter Huber, da Universidade de Purdue.

Os cientistas argumentam que ao calcular os riscos das emissões de gases atuais, é preciso que se leve em conta os piores cenários (como os previstos no estudo).

Roleta russa

Quando o professor Huber fala em um aquecimento médio de 12 ºC, isso significaria aumentos de até 35 ºC no termômetro úmido nas regiões mais quentes do planeta. Atualmente, segundo o estudo, as temperaturas mais altas nesta medida nunca ultrapassam 30 ºC. A partir de 35 ºC no termômetro úmido, o corpo humano só suportaria algumas horas antes de entrar em hipertermia (sobreaquecimento).

Huber compara a escolha a um jogo de roleta russa, em que "às vezes o risco é alto demais, mesmo se existe apenas uma pequena chance de perder".

O estudo também ressalta que o calor já é uma das principais causas de morte por fenômenos naturais e que muitos acreditam, erroneamente, que a humanidade pode simplesmente se adaptar a temperaturas mais altas. "Mas quando se mede em termos de picos de estresse incluindo umidade, isso se torna falso", afirmou o professor Steven Sherwood, da universidade de New South Wales.

Calcula-se que um aumento de apenas 4 ºC medidos por um termômetro úmido já levaria metade da população mundial a enfrentar um calor equivalente a máximas registradas em poucos locais atualmente.

Os autores também afirmam que um aquecimento de 12 ºC é possível através da manutenção da queima de combustíveis fósseis. "Uma implicação disso é que cálculos recentes do custo das mudanças climáticas sem mitigação (medidas para combatê-las) são baixos demais."

Fonte: BBC Brasil

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Aquecimento pode exterminar um quinto dos lagartos até 2080

Calor forte atrapalha organismo dos animais; espécie brasileira está na lista


Um grupo internacional de cientistas analisou em detalhe as chances de mais um grupo de animais -os lagartos- diante do aquecimento global, e elas não são nada animadoras. Um quinto das espécies da Terra pode sumir até 2080.

Entre os possíveis desaparecidos, caso a humanidade não diminua a emissão de gases que esquentam o planeta, está o brasileiro Liolaemus lutzae, habitante de restingas, que já está ameaçado de extinção.

É o que afirma Carlos Frederico Duarte Rocha, pesquisador da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) que é coautor do estudo na revista "Science". "Só é possível mencionar essa espécie no Brasil porque ainda temos relativamente poucos dados sobre outros lagartos no país. Mas é provável que o risco afete outras espécies de áreas costeiras e semiáridas, como a caatinga", disse Rocha à Folha.

Conforme explica o pesquisador, os lagartos, tanto os que tomam sol diariamente quanto os que vivem em ambientes fechados, não aguentam temperaturas além de certo limite. "Depois disso, entram em torpor e morrem", afirma.

No caso dos lagartos, o presente e o passado recente servem de guia para o futuro. Os cientistas se basearam em dados de temperatura e extinções locais (ou seja, o sumiço de populações de uma espécie, ainda que não da espécie inteira) compilados desde 1975.

Os principais dados vieram de 48 espécies mexicanas, mas uma dinâmica semelhante se instaurou no resto do mundo. Calcula-se que 4% das populações já sumiram com as mudanças de temperatura que já aconteceram. Mantida essa tendência, 39% delas terão sumido em 2080, correspondendo a 20% das espécies. O resultado será menos controle das populações de invertebrados, comidas por eles, e menos alimento para os predadores de lagartos, como as aves. No Brasil, o estudo teve apoio de CNPq e Faperj. (RJL)

Fonte: Folha de S.Paulo

ONU propõe que estocar gás-estufa no mar renda créditos de carbono

Países em desenvolvimento poderiam receber fundos para reduzir emissões de gases do aquecimento global protegendo seus ecossistemas marinhos, propôs Achim Steiner, chefe do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), durante conferência em Bali, Indonésia. "Florestas" de algas, manguezais e pântanos costeiros estocam naturalmente grandes quantidades de carbono, que acaba sendo liberado na forma de gases-estufa quando esses ambientes são destruídos.

Para Steiner, uma combinação de investimentos públicos e privados poderia ser usada para mudar isso. "Se eu creio que um dia veremos um mercado para estocagem de carbono com base nos oceanos? Eu diria que, a esta altura, por que não?", declarou ele.

Segundo o chefe do Pnuma, a ideia poderia se inspirar nos planos para recompensar os países pobres pela manutenção de florestas que estocam carbono. Tanto no caso das matas quanto no de ambientes marinhos, países desenvolvidos poderiam trocar verbas de conservação pelo direito de emitir cotas de gases do efeito-estufa.

Fonte: Reuters

Mecanismo de proteção de florestas terá US$ 3,5 bilhões

Representantes de países com florestas tropicais e representantes de países com dinheiro se reúnem nesta quinta-feira (11) em Paris para tentar criar um mecanismo de redução de emissões por desmatamento que possa começar já neste ano.

O chamado Irpa (Arranjo de Parceria Interino para Redd) visa capacitar países tropicais a monitorar suas florestas e a gerenciar os recursos doados pelos países ricos para redução de desmate e conservação.

O mecanismo começará com US$ 3,5 bilhões, doados por EUA, Noruega, Japão, Austrália, França e Reino Unido.

Segundo o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), que representará o Brasil no encontro, a ideia é que o Redd (nome dado a ações de redução de emissões por desmate) possa começar a funcionar mesmo na ausência de um acordo internacional de proteção ao clima.

"Fazer as coisas andarem antes de um acordo pode ajudar a derrubar o ceticismo que sobreveio à frustração generalizada com Copenhague", afirmou Minc à Folha.

O Redd era um dos capítulos mais adiantados da negociação internacional antes do fracasso da cúpula na Dinamarca.

Já era consenso, por exemplo, que o Redd terá três fases. Na primeira, países que ainda não têm metodologias nacionais de monitoramento adotarão uma --o Brasil possui uma das mais avançadas do mundo. Na segunda, serão feitos projetos em pequena escala e financiados por verba de doação.

Só numa terceira fase, a ser implementada depois de assinado novo acordo do clima, é que países ricos poderiam usar ações de Redd como "créditos" a serem abatidos de suas metas de redução de CO2.

Segundo Suzana Kahn Ribeiro, secretária nacional de Mudança Climática, o Brasil deve ajudar a capacitar outros países, transferindo de graça a tecnologia de monitoramento desenvolvida pelo Inpe.

"O monitoramento será relevante de qualquer forma", diz Thelma Krug, do Inpe, principal negociadora do Brasil em Redd. Segundo ela, independentemente de um acordo internacional, devem ser firmados acordos bilaterais e constituídos fundos na área.

Fonte: Folha de S.Paulo