sexta-feira, 14 de maio de 2010

Aquecimento pode exterminar um quinto dos lagartos até 2080

Calor forte atrapalha organismo dos animais; espécie brasileira está na lista


Um grupo internacional de cientistas analisou em detalhe as chances de mais um grupo de animais -os lagartos- diante do aquecimento global, e elas não são nada animadoras. Um quinto das espécies da Terra pode sumir até 2080.

Entre os possíveis desaparecidos, caso a humanidade não diminua a emissão de gases que esquentam o planeta, está o brasileiro Liolaemus lutzae, habitante de restingas, que já está ameaçado de extinção.

É o que afirma Carlos Frederico Duarte Rocha, pesquisador da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) que é coautor do estudo na revista "Science". "Só é possível mencionar essa espécie no Brasil porque ainda temos relativamente poucos dados sobre outros lagartos no país. Mas é provável que o risco afete outras espécies de áreas costeiras e semiáridas, como a caatinga", disse Rocha à Folha.

Conforme explica o pesquisador, os lagartos, tanto os que tomam sol diariamente quanto os que vivem em ambientes fechados, não aguentam temperaturas além de certo limite. "Depois disso, entram em torpor e morrem", afirma.

No caso dos lagartos, o presente e o passado recente servem de guia para o futuro. Os cientistas se basearam em dados de temperatura e extinções locais (ou seja, o sumiço de populações de uma espécie, ainda que não da espécie inteira) compilados desde 1975.

Os principais dados vieram de 48 espécies mexicanas, mas uma dinâmica semelhante se instaurou no resto do mundo. Calcula-se que 4% das populações já sumiram com as mudanças de temperatura que já aconteceram. Mantida essa tendência, 39% delas terão sumido em 2080, correspondendo a 20% das espécies. O resultado será menos controle das populações de invertebrados, comidas por eles, e menos alimento para os predadores de lagartos, como as aves. No Brasil, o estudo teve apoio de CNPq e Faperj. (RJL)

Fonte: Folha de S.Paulo